Soul: uma animação para e sobre a vida

Douglas Dayube
4 min readDec 28, 2020

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Desde o momento que vi o trailer de Soul, a nova animação da Pixar, já disponível no Disney +, fiquei animado com o que poderia ser o filme. Primeiro, por que adoro animações, acho que elas são muito mais do que filmes voltados para crianças, há muita coisa que pode ser extraída delas por nós adultos. O segundo motivo é um outro filme animado: desde Inside Out (Divertidamente), meus olhos têm brilhado mais para esse tipo de filme.

Soul é um filme sobre a vida olhada por meio de uma experiência de quase morte. Só de já ter esse propósito, o filme já chama atenção. Não seria muito melodramático um filme feito, principalmente, para crianças ter uma perspectiva como essa? Será que um tema tão pesado deveria ser falado para um público tão jovem? Esses são questionamentos que podem vir a sua cabeça quando fica sabendo que o filme tem como mote essa perspectiva.

Entretanto, de uma forma leve e divertida, Soul vai nos ganhando ao mostrar que para falar sobre a vida, é necessário também tocar no assunto da morte e, pra mim, é por isso que o filme se torna tão envolvente e emocionante do começo ao fim.

Em uma espécie de retrospectiva, o filme nos propõe a refletir sobre a nossa própria vida, a falar sobre aquilo que realmente é importante para nós sermos felizes. Que nem sempre a beleza da vida está nos sonhos realizados ou não, nos objetivos que colocamos como metas de conquista na vida. Soul fala sobre a beleza do cotidiano, sobre o momento único que passamos com aqueles que gostamos ou sobre saborear um delicioso pedaço de pizza.

Fala sobre momentos, que muitas vezes, deixamos passar batidos na busca pelos nossos sonhos ou na loucura que se tornou a nossa rotina.

É clichê, mas é um clichê saboroso, pois nos coloca diante da necessidade de pensar se realmente damos valor para os momentos que realmente nos fazem bem ou se só queremos terminar o checklist dos afazeres do dia em busca de uma autorrealização que, talvez, nunca exista

Todos nós sabemos o quanto ano de 2020 foi difícil, o quanto deixamos de abraçar e beijar quem nós amamos para impedir que elas fossem contagiadas por um vírus surgido do nada. Não preciso ir tão profundo quanto a sensação revigorante de um beijo e um abraço, mas quantos momentos que nós deixamos de fazer com quem gostamos por causa de um vírus: a ida a um cinema, um bar com amigos, uma viagem com o namorado ou com a namorada, por exemplo.

2020 também nos mostrou o quanto as pessoas podem ser ruins, mesquinhas, egoístas. No começo da pandemia, pensávamos que nós, seres humanos, iríamos sair melhores disso tudo, mas vimos com o passar do tempo, que desde os nossos governantes até a alguns dos nossos familiares, o quanto, para eles, a vida do outro vale tão pouco.

Soul é sobre esses momentos que perdemos por causa desse vírus e dessas pessoas que não ligam para os outros, é sobre olhar a vida com uma perspectiva romântica sim, de que pequenos momentos valem mais do que o desejo da autorrealização. É sobre a pizza não comida, sobre a cerveja que não tomamos, é sobre o cinema onde não fomos por causa da preocupação com nós mesmos e com os outros.

Não gosto de falar sobre obrigações, pois cada um tem um gosto, mas Soul é um daqueles filmes que se torna obrigatório de se assistir. Tire menos de 2 horas do seu tempo para ver esse ensaio sobre a vida cheio de diálogos engraçados, com personagens tão ricos e, ao mesmo tempo, tão simples e deixe o filme te levar a essa espécie de retrospectiva sobre a sua própria vida.

Divertidamente perdeu o posto de minha animação favorita para o filme do músico em busca de um sonho e da alminha desiludida com a vida na Terra.

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Douglas Dayube
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